Em 1980, uma doença apareceu no Brasil, afetando principalmente pessoas homossexuais, que eram alvo de preconceito. No entanto, não se acreditava que apenas esse grupo, nem tampouco as mulheres profissionais do sexo, fossem capazes de transmitir a doença. No final daquela década, surgiram casos alarmantes, com uma alta taxa de mortalidade. O diagnóstico da enfermidade só era feito quando o paciente já se encontrava em estágio avançado. Devido à falta de informações precisas, muitas pessoas acreditavam que a transmissão ocorresse apenas após um grande número de relações sexuais. Uma das principais medidas adotadas no Brasil foi a distribuição gratuita de medicamentos antirretrovirais, iniciada em 1996, para o tratamento de indivíduos infectados pelo HIV.
Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV sem necessariamente desenvolver a AIDS. O HIV, conhecido como vírus da imunodeficiência humana, é o agente causador da infecção. A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é a fase avançada e sintomática da infecção pelo HIV, caracterizada pelo comprometimento do sistema imunológico, que deixa o organismo vulnerável a doenças oportunistas, como neurotoxoplasmose, candidíase oral e alguns tipos de câncer. É importante destacar que, enquanto a pessoa não apresentar sinais ou sintomas relacionados à imunossupressão, ela não está com AIDS. Com o acompanhamento médico adequado e o uso regular da medicação antirretroviral, é possível viver com o HIV sem jamais desenvolver a AIDS.
O HIV pode ser transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas, contato com fluidos corporais infectados, compartilhamento de seringas, além da transmissão de mãe para filho durante a gestação, o parto ou a amamentação. No entanto, o HIV não é transmitido por abraços, apertos de mão, saliva (como em lágrimas), espirros, suor, compartilhamento de talheres, uso de banheiros públicos, contato com maçanetas ou torneiras, nem por picadas de insetos.
A prevenção do HIV envolve medidas que reduzem o risco de transmissão do vírus. As
principais formas de prevenção incluem:
1. Uso de preservativos: Utilizar preservativos (camisinhas) durante todas as
relações sexuais é uma das maneiras mais eficazes de evitar a transmissão do
HIV.
2. Testagem regular: Realizar testes regularmente para o HIV ajuda na detecção
precoce e no início do tratamento, reduzindo o risco de transmissão.
3. Profilaxia Pós-Exposição (PEP): A PEP consiste no uso de medicamentos
antirretrovirais por até 28 dias após uma situação de risco, como exposição ao
HIV, para prevenir a infecção.
4. Não compartilhar seringas ou objetos cortantes: O compartilhamento de seringas
ou outros objetos perfurocortantes é uma via de transmissão. Sempre utilize
materiais descartáveis e esterilizados.
5. Gravidez, parto e amamentação seguros: Mulheres vivendo com HIV podem
prevenir a transmissão ao bebê durante a gestação, parto e amamentação com
acompanhamento médico e tratamento antirretroviral.
6. Educação e conscientização: Informar-se sobre o HIV e como ele é transmitido
pode ajudar a adotar comportamentos preventivos e a reduzir o estigma.
7. Tratamento como prevenção: Pessoas vivendo com HIV que estão em
tratamento antirretroviral e têm carga viral indetectável não transmitem o vírus a
outras pessoas.
A infecção pelo HIV ocorre em três estágios principais:
1. Infecção aguda: Essa fase inicial ocorre nas primeiras quatro semanas após o
contágio. Durante esse período, uma pessoa pode apresentar sintomas como
febre, sudorese, perda de peso, dores de cabeça e na garganta, além de
manchas vermelhas na pele e coceira. Esses sinais podem ser semelhantes a
outras doenças, o que pode dificultar o diagnóstico precoce.
2. Latência clínica: Esse estágio pode durar de 8 a 10 anos. Embora o vírus
continue se multiplicando no organismo, a pessoa geralmente não apresenta
sintomas, o que torna a infecção silenciosa durante esse período.
3. AIDS: É uma fase avançada e sintomática da infecção. Nesse estágio, a pessoa
torna-se vulnerável a doenças oportunistas, como a tuberculose, entre outras
condições que comprometem gravemente a saúde.
O diagnóstico do HIV é realizado por meio de testes laboratoriais ou testes rápidos. Os testes rápidos podem ser feitos na Unidade Básica de Saúde (UBS), com resultados disponíveis em até 30 minutos após a coleta de uma amostra de sangue obtida da ponta do dedo. Caso o resultado seja reagente, conforme a Portaria nº 29 de 2013, é necessário realizar exames complementares, como carga viral e contagem de células CD4, além de acompanhar e monitorar o tratamento. Nesse contexto, é essencial que a pessoa diagnosticada receba acolhimento de uma equipe multidisciplinar, composta por enfermeiros, médicos e psicólogos, bem como o apoio de familiares e amigos. Essa rede de cuidado é fundamental para promover a adesão ao tratamento e melhorar a qualidade de vida do indivíduo.
O tratamento para o HIV é realizado por meio de medicamentos antirretrovirais, que são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e não estão disponíveis para venda em farmácias. Com o uso adequado desses medicamentos, uma pessoa vivendo com o HIV pode levar uma vida normal e continuar com suas atividades cotidianas. Além disso, o tratamento adequado contribui para a redução da carga viral, ou seja, a quantidade de vírus no organismo, o que diminui as chances de transmissão. É importante ressaltar que a prática regular de atividades físicas e uma alimentação equilibrada também são fundamentais para o sucesso do tratamento.
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